sábado, 18 de agosto de 2012

A Vida depois da Vida



“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa. Que digam esses que atravessaram a hora fúnebre, a última alegria a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo? Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além. O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros de sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até o respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída? Porque não possuirá ele um corpo subtil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é desse mundo. É por demais pesada para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite. A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, pelo que faz nela. A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. As almas passam de uma esfera para a outra, tornando-se cada vez mais luz, aproximando-se cada vez mais de Deus. O ponto de reunião é o infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.”      VICTOR HUGO

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